Hospital de Base promove curso de capacitação para fomento na doação de órgãos - 19/06/2023

O Hospital de Base, por meio da Organização de Procura de Órgãos (OPO) realizou, no dia 16 e 17 de junho, curso de comunicação em situações críticas e de determinação em morte encefálica (CDME), para equipe multiprofissional de diversas cidades da região pertencentes o DRS-XV e de Rio Preto.

O curso teve por objetivo oferecer ao participante as ferramentas éticas e legais necessárias para torná-lo apto para a realização do diagnóstico de morte encefálica, como agir diante das relações de luto, além de análise do processo de comunicação de más notícias para o processo de solicitação de doação de órgãos, dentre diversos outros temas.

Para o coordenador da OPO do HB, Dr. João Fernando Picollo, a comunicação assertiva faz toda a diferença na aceitação da família no momento da doação de órgãos. “A maneira como se comunica faz toda a diferença no entendimento do familiar que recebe a informação. Esse entendimento claro facilita a relação médico-paciente. Hoje, a taxa de aceitação para a doação de órgãos em Santa Catarina é maior que do estado de São Paulo, mas graças aos treinamentos e capacitações, temos resultados semelhantes e muito melhores do que a média nacional, devido a facilidade que os profissionais aqui da nossa região têm em comunicar o estado crítico de um paciente para o familiar”, disse Dr. Picollo.

Rio Preto tem bons índices de doações
A atuação da OPO na capacitação dos profissionais de saúde de Rio Preto e região refletem os bons índices na aceitação das famílias nas doações de órgãos. Dentre os estados do Paraná e Santa Catarina, o número de doadores por milhão de população é de 42. Já em Rio Preto, esse número é de 31 doadores por milhão. No estado de São Paulo, o índice está em 22.   

O Dr. João Fernando Picollo, reforça que um dos maiores desafios ainda é a aceitação dos familiares na hora da doação. “Um dos pontos mais críticos é a conversa com os familiares que são os únicos que podem, por lei, autorizar a doação. Por isso é tão importante manifestar o desejo de doar órgãos e abordar sobre esse tema com a família”, afirmou Dr. Picollo.

Atualmente no Brasil a taxa de autorização das famílias é 55% e na região de Rio Preto esse número é de 75%.

Santa Catarina é referência nos índices de notificação, doação e transplantes de órgãos, tecidos e células.
Referência em taxas de doação de órgãos no Brasil e na América Latina, Santa Catarina também chegou a superar índices da Espanha, voz ativa e país líder em doação de órgãos há 30 anos. Em 2022, SC atingiu 44,8 doadores efetivos por milhão de população (pmp), nos casos de morte encefálica.

Para o médico intensivista e Coordenador Estadual de Transplantes de Santa Catarina, Dr. Joel de Andrade, o curso de comunicação em situações críticas é fundamental para o sucesso na aceitação das famílias na doação de órgãos.

“Essa é uma ferramenta poderosa, pois ensina os profissionais como ouvir as famílias, interpretar o que elas comunicam e, tão importante quanto isso, ensina como transmitir as mensagens que eles precisam transmitir de modo inequívoco. Em Santa Catarina nós tínhamos, em 2007, 70% de não autorização familiar na doação de órgãos. Sem campanha e sem educação para a população, conseguimos cair para 27,4% graças ao treinamento dos profissionais de saúde nas habilidades de comunicação. Se ela for empática, se existe acolhimento, se existe adequado tratamento das famílias, existe bom resultado”, afirmou Dr. Joel.

Brasil é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, garantido de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.

De janeiro a novembro de 2021 foram realizados mais de 12 mil transplantes de órgãos pelo SUS. Em 2020, foram cerca de 13 mil procedimentos do tipo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A enfermeira do programa de qualidade do sistema estadual de transplantes de Santa Catarina, Aline Ghellere Pavei, destaca a importância do treinamento constante dos profissionais no tema.

“Toda comunicação e atendimento dos familiares vai influenciar na atitude inicial da família na aceitação da doação. Se a família for bem recebida, bem acolhida, é muito provável que seja uma família doadora. Santa Catarina tem bons resultados, um dos líderes de doação no Brasil graças ao investimento em muitos treinamentos, de forma sistemática, mensalmente, em cada região do estado e com certeza vemos o efeito de melhoria na relação dos profissionais que participam e compreendem melhor o luto das famílias e como lidar com as reações diante da perda”, ressaltou Aline.